10 de ago. de 2008

Há algum tempo atrás


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Nascer...
Crescer...
Correr...
Morrer!
Questionamentos de alguém que endoidou.
O que seria da vida sem a morte? Ou melhor. O que seria da vida sem o tempo? Da morte se tem mais certeza do que a vida, que o ato simples de nascer. Todo mundo nasce sabendo que vai morrer, mas nunca sabe quando vai vir para essa realidade imperfeita.
As pessoas transparecem, umas para as outras, a conformidade que elas têm sobre suas vidas. Elas deixam ser levadas pelo tempo, pela fugacidade que lhes é o ato de viver – e nem ao menos param, pensam e questionam. Por que não fazem da vida uma dialética?-.
Junto dele, apressam-se as aparências físicas e, algumas vezes, o conteúdo introspectivo. O tempo mostra-se imbatível sobre o ser humano e sobre todas as outras matérias.
E as pessoas se dão conta disso? Ou fazem que não vêem? Por que elas tentam tapar o sol com uma peneira? E por que eu tento juntar o leite derramado? Sou igual a elas. No entanto, sou diferente delas. Mas Macabéa, aquela pequena figura inercial de Clarice, era feliz. Pelo menos achava que o era. Ou nem achava. A solução deve ser essa: saber que não se existe.
Como posso não saber que não existo? Como posso não saber? Eu já sei, ninguém me responderá. Nem eles mesmos sabem que existem, como poderão saber que de tal assunto? E ainda mais acerca de uma pessoa sem defeitos sobre o palco do teatro social, mas que no camarim, a atriz tira sua máscara e atua de forma real. Tal condição de performance que seu público, exceto alguns grandes amigos, nunca teve a oportunidade de assistir. Não seria de bom agrado para seu público, talvez ela os perderia. Ou não, ela está sendo covarde, não com os outros, mas consigo própria. “A sua vida é só de atuação?”, poderia questionar algum fã, e ela se daria conta que a vida não é só de palcos e peças baseadas em uma moralidade pré-estabelecida e denominada correta. Mas se tivesse coragem também para perceber isso.
E eu só estou chorando, dentro do camarim e longe do alcance das luzes.
Diante do espelho...


3 comentários:

Anônimo disse...

Bom, a consciência de que não existimos é uma libertação e como tal dolorosa...
Um desprendimento...
Todavia, há realização sim. Ela existe no ato de pintar e de compartilhar cores, depois que se descobre que é tudo tinta (libertação). Liberdade de conferir significados à realidade (pintar - de si para si). Compartilhar/comungar estes significados com outros (si - o outro). É tudo uma questão de liberdade e de solidão. Não são coisas contraditórias ou conexas, mas compreender uma é admitir (no mínimo a possibilidade da) outra.

P.S.
O google me disse que esse blog citava meu nome. Encontrei-o. Junto veio a lembrança de algumas conversas.

P.S. II
Não sei. As vezes as mesmas inquietações exigem novas experiências. O novo, o outro, o diferente, é a arma mais eficaz contra a violência do existir.

Grande Abraço.

Glerger Sabiá. (recife30out2008)

Amanda Peres disse...

Como sempre, eu adoro te ouvir discutindo sabiamente, até com um pouco de ironia e divertimento, essas coisas "diferentes"! kkk
Saudade daquelas conversas...
Eu era tão mais existente naquele tempo...

Antonio Sávio disse...

Primeira vez por essas paragens. Ótimos escritos por aqui. Parabéns pelo blog.