2 de mai. de 2006

Abstração...

"Os rios mais profundos são os mais silenciosos."


Na imaginação, o tráfego de idéias é plenamente livre e, desse conjunto, apenas só é exposto à realidade o que lhe seja pertinente. Analisando essa frase dita por uma amigo, silenciosa com meus pensamentos, percebo que as pessoas e a realidade em nossa volta são tão incertas quanto o nosso futuro.

Moralidade é configurada antes mesmo de muitos nascerem, mas feita por pessoas, que como eu, têm aspirações e uma consciência dependente do momento histórico em que estavam incumbidas. Tal moralidade, ditas, dogmamente, concreta e necessária de ser seguida pela sociedade, independente de nossos desejos, cria, com isso, um esteriótipo de ser humano digno de uma pseudo-liberdade e julgado, no fim de sua vida, por uma entidade metafísica.

As pessoas vêem suas vidas passarem, caracterizando-as por um conformismo e uma impotente refutação a tudo que lhe é imposto, a tudo que os outros dizem ser o correto, mesmo esses não sabendo nem o que é o ato de pensar. Estes condenam, por não pensarem, aquelas pessoas que os refutam e o modo como elas tentam viver. Por ser uma minoria, esse grupo de visão incomum, muitas vezes, acaba sendo submisso às características da maioria na atuação social, mas não no pensar.

Portanto, muitas pessoas acabam atuando nessa vida de julgamentos, elas acabam tendo a necessidade de mascarar suas concepções por causa de preconceitos, ou mesmo pré-conceitos, de uma maioria que se acha digna de sabedoria. Mas não tem melhor refúgio que a vida interior, o simples ato de pensar sem restrições ou regras. Acatemos um pensamento de Charlie Chaplin:

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."



Um mini artigo?

Um dos problemas da Educação brasileira é, e importante, a descontinuidade de projetos políticos ou memo a posse de outros governantes. Mudar a nossa educação, com variados problemas existentes, principalmente, em relação à qualidade de ensino e a falta de interesse dos professores devido a baixos salários, não é uma tarefa que pode ser realizada da noite para o dia, não é algo que pode ser executada, de forma eficiente, em apenas quatro anos. É necessário tempo e paciência para uma em efetiva mudança nesse problema social, tendo uma visão de futuro e seguindo uma linha única de mudanças onde não tenha desvios ou atalhos, o que dificulta uma condição fixa e concreta para a Educação brasileira.

Vale salientar, também, o projeto que será votado na Câmara dos Deputados que põe fim à reeleição. Se aprovado, ele representaria mais um motivo para mudanças constantes, ou seja, a cada quatro anos, dos projetos que visam melhorar o sistema educacional e, assim, eles dificilmente seriam concretizados.

Portanto, cabe a nós, e principalmente por ser ano eleitoral, revermos nossas opções de candidatos para o próximo governo, aos quais daremos a responsabilidade da gestão desses projetos e a execução dos mesmos, independente de reeleição.


1 de mai. de 2006

Uma crônica

Certo dia, em um fim de semana talvez, estava em uma rodoviária que, por sinal, parecia um formigueiro de tanta gente circulando. Sentada em um banco, a ansiedade se apossava de mim acompanhada de uma dúvida cruel de desistir da viagem.


Quanto mais ficava ansiosa, mais a spessoas se tornavam perceptíveis a mim. As ações rápidas e, ao mesmo tempo, suaves de quem quer chegar logo em algum lugar. As palavras-cruzadas servindo de companhia para o senhor solitário que espera seu ônibus. O vendedor ambulante tentando vender tudo às pressas antes que o próximo embarque levasse seus fregueses. A senhora, que tinha abraçado, demoradamente, sua neta como se fosse a última vez, desaparecia de vista à medida que o ônibus se afastava, sua neta chorava, chorava como uma criança que havia perdido seu brinquedo favorito e nunca mais o acharia novamente.

E eu, inerte, admirando as pessoas e seus movimentos como alguém anestesiada, que espera por uma operação e desconhece os seus resultados, esperava pela minha própris decisão.


Chegada a hora do embarque, eu continuava ali, no banco, tentando não ter existência e nem vontade própria para assumir a responsabilidade da minha própria decisão. Atendendo ao aviso de embarque, meu corpo, involuntariamente, pegava minha mochila e subia no ônibus, sentando em uma poltrona enquanto uma voz inconsciente dizia que eu ia me arrepender.


O ônibus, então, começou a se movimentar. Eu apenas dormi.