1 de mai. de 2006

Uma crônica

Certo dia, em um fim de semana talvez, estava em uma rodoviária que, por sinal, parecia um formigueiro de tanta gente circulando. Sentada em um banco, a ansiedade se apossava de mim acompanhada de uma dúvida cruel de desistir da viagem.


Quanto mais ficava ansiosa, mais a spessoas se tornavam perceptíveis a mim. As ações rápidas e, ao mesmo tempo, suaves de quem quer chegar logo em algum lugar. As palavras-cruzadas servindo de companhia para o senhor solitário que espera seu ônibus. O vendedor ambulante tentando vender tudo às pressas antes que o próximo embarque levasse seus fregueses. A senhora, que tinha abraçado, demoradamente, sua neta como se fosse a última vez, desaparecia de vista à medida que o ônibus se afastava, sua neta chorava, chorava como uma criança que havia perdido seu brinquedo favorito e nunca mais o acharia novamente.

E eu, inerte, admirando as pessoas e seus movimentos como alguém anestesiada, que espera por uma operação e desconhece os seus resultados, esperava pela minha própris decisão.


Chegada a hora do embarque, eu continuava ali, no banco, tentando não ter existência e nem vontade própria para assumir a responsabilidade da minha própria decisão. Atendendo ao aviso de embarque, meu corpo, involuntariamente, pegava minha mochila e subia no ônibus, sentando em uma poltrona enquanto uma voz inconsciente dizia que eu ia me arrepender.


O ônibus, então, começou a se movimentar. Eu apenas dormi.



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